quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Nokia N8

O hardware impressiona,mas o software desaponta.

Quando coloquei minhas mãos no Nokia N8 (R$ 1,500, sem subsídios de operadora) pela primeira vez, fiquei impressionada com o hardware e seus recursos multimídia, mas tive a sensação de que o software era “ultrapassado”. Após passar mais algum tempo com o aparelho, posso dizer que minha opinião não mudou muito. Na verdade fiquei ainda mais impressionada com o hardware atraente e a câmera fantástica, o que torna o software ainda mais frustrante.
Design elegante
O N8 passa a impressão de um aparelho de alta tecnologia, a começar pela caixa azul que chama a atenção. Dentro dela você irá encontrar um bonito smartphone e todos os seus acessórios: cabo HDMI, fones de ouvido, carregador de parede e cabo de dados.
Na mão o N8 é leve passa a sensação de resistência. O chassis de metal resistente a riscos dá ao aparelho uma aura luxuosa e ao mesmo tempo durável. O aparelho está disponível em cinco cores bastante atraentes: cinza escuro, prata, verde, azul ou laranja, todas com acabamento metalizado.
A frente do N8 é minimalista, dominada por uma tela sensível ao toque de 3.5 polegadas (com resolução de 640 x 360 pixels). Vale mencionar que a tela usa tecnologia capacitiva, mesma de concorrentes como o iPhone e a maioria dos smartphones Android, e muito mais sensível e precisa do que as telas resistivas que a Nokia vinha usando até então.
Abaixo da tela há um único botão permite alternar entre a tela inicial (homescreen) e a tela de menu (menu screen), e quando pressionado por alguns segundos mostra uma lista com todos os aplicativos abertos. Na lateral direita do aparelho há um slot para cartões microSD (de até 32 GB) e outro para o SIM Card, além de uma porta microUSB.
Na lateral esquerda há o controle de volume, uma chave para silenciar a campainha e o botão da câmera. O botão de força, saída de fone de ouvido (no padrão de 3.5 mm) e a porta HDMI ficam no topo. A câmera de 12 MP, equipada com lentes Carl Zeiss e flash Xenon, fica na traseira. Assim como nos aparelhos da Apple, a bateria não é removível: se você quiser remover a tampa traseira, vai ter de usar uma chave de fenda.

Software “velho”
Não gosto da tipografia do sistema operacional Symbian. As fontes pequenas e quadradonas me parecem muito “anos 90” e não são agradáveis aos olhos. Quando a Nokia anunciou a criação do Symbian^3 eu esperava por uma tipografia mais limpa e moderna e ícones esteticamente mais agradáveis. Mas em vez disso o “S3” se parece com a versão antiga, com alguns pequenos ajustes aqui e ali.
Alguns dos recursos do software não me pareceram amigáveis. Por exemplo, ao contrário do iOS, Android e WebOS, o S3 não permite o upload de fotos ou vídeos para redes sociais diretamente a partir do aplicativo da câmera ou da galeria de imagens. Em vez disso, para compartilhar fotos é necessário usar um aplicativo específico, que agrega todas as suas contas de redes sociais em um único local.
O teclado virtual me pareceu apertado, mais até que o teclado nativo do Android. Em modo retrato você estará limitado a um teclado alfanumérico com 12 teclas, que é incrivelmente incômodo de usar. Acabei me acostumando a usar o teclado no modo paisagem, mais isso me obriga a digitar com as duas mãos em vez de uma só.
Também há apenas três telas iniciais. Para alguns usuários isso pode ser o suficiente, mas eu preciso de mais. Os widgets tem todos os mesmo tamanho e são grandes, então não há muito espaço livre. Se você quiser adicionar um atalho para um aplicativo à tela inicial terá de abrir o widget “Shortcuts”, onde é possível adicionar até quatro ícones. O processo é muito mais complicado que o método utilizado pelo Android, onde é possível adicionar um widget ou atalho à tela inicial simplesmente tocando em um espaço vazio por um segundo.
Organizar os widgets também é incômodo: não é possível transferir um widget para uma outra tela, é necessário apagá-lo e criá-lo novamente no local de destino. Mudar um widget de lugar em uma mesma tela é simples, basta segurar o dedo sobre ele e arrastá-lo para o local de destino, mas a demora do sistema operacional para responder ao gesto leva o usuário à frustração (veja mais em “Desempenho”).
O S3 introduz algumas melhorias em relação a versões anteriores do Symbian, como o suporte a multitoque no navegador e na galeria de imagens (finalmente!) e uma reorganização nos atalhos e menus que faz com que sejam necessários menos toques na tela para desempenhar tarefas comuns. Além disso, basta segurar o dedo sobre o ícone da bateria na tela inicial para abrir uma janela mostrando as conexões Wi-Fi e USB disponíveis, e um relógio que pode ser usado como despertador.
Apesar destes ajustes, o Symbian S3 parece velho e complicado demais em comparação a sistemas como o Android e iOS. Tarefas simples como adicionar um atalho à página inicial são mais difíceis do que deveriam ser.
Navegação web e multimídia
A interface do navegador web é desnecessariamente complicada. Por exemplo, para ver a barra de ferramentas enquanto uma página está aberta é necessário tocar em um ícone no canto da tela. A partir daí o usuário irá ver três outros ícones, todos sem uma descrição. Qualquer um que não esteja familiarizado com o navegador do Symbian irá se sentir confuso sobre o que são estes ícones e o que eles fazem. Na verdade eles desempenham funções ligeiramente diferentes, com uma certa sobreposição.
O navegador renderiza páginas rapidamente tanto em conexões 3G quanto Wi-Fi. Embora não tenha suporte completo a Flash 10, o navegador é compatível com Flash Lite, o que foi suficiente para tocar alguns vídeos.
No geral, assistir vídeos na tela OLED do Nokia N8 é uma experiência excepcional. O aparelho é capaz de reproduzir vídeos em HD com Dolby Digital Surround, o que vai agradar os cinéfilos.
Câmera Excelente
A Nokia diz que a câmera de 12 Megapixel com lentes Carl Zeiss tem o maior sensor entre todos os smartphones no mercado. Com certeza ela tira fotos incríveis: fiquei impressionada com as cores brilhantes e naturais e a nitidez nos detalhes.
A câmera também grava vídeo em 720p, que fica ótimo tanto quando visto na tela do aparelho quanto em uma TV de alta definição. A reprodução foi perfeita, com cores brilhantes e naturais, e o aparelho tem uma saída HDMI para que você possa ligá-lo a uma TV de alta-definição. Melhor ainda, a Nokia inclui o cabo necessário na embalagem, na contramão do que fazem as outras empresas. O aparelho também tem uma câmera frontal para videochamadas.
Desempenho
Em termos de resposta às ações do usuário, o N8 foi inconsistente. Notei um certo atraso ao alternar entre as telas iniciais. Em um iPhone ou smartphone Android, a tela muda acompanhando o movimento de seu dedo. Mas no N8, você move o dedo primeiro e depois a tela se move. A navegação na web foi rápida, mas o navegador fechou inesperadamente uma vez durante os testes.
A qualidade de chamada (usando a rede da AT&T nos EUA) foi excelente. As vozes foram altas e claras, sem distorção ou estática. Embora eu não tenha conduzido um teste formal, a autonomia de bateria me pareceu muito boa: o aparelho sobreviveu a um fim de semana inteiro de uso típico, sendo usado para fazer algumas chamadas, enviar mensagens de texto, assistir vídeo e ouvir algumas horas de música.
Ovi Maps é excepcional
O N8 vem com o excelente e gratuito serviço de navegação Ovi Maps pré-carregado. O que o torna melhor que o Google Maps? Bem, a Nokia vem coletando dados e aprimorando sua tecnologia desde que adquiriu a Navteq, empresa especializada na produção de mapas. O Ovi Maps mostra dados sobre seus arredores e tem mais de 6.000 objetos, entre edifícios importantes e monumentos, em 3D. Os usuários também tem acesso a dados de guias de viagem como o Michelin e Lonely Planet, para que possam saber não só onde estão, mas também o que há de interessante nos arredores.
O Ovi Maps não exige uma conexão de rede para baixar os mapas, o que ajuda a economizar bateria e não vai te deixar na mão em um local sem cobertura de sua operadora. O programa usa “mapas vetoriais híbridos” que podem ser baixados via internet e armazenados na memória do aparelho. Em contraste o Google Maps armazena sua rota planejada em um cache para que você possa continuar a seguí-la mesmo se o telefone perder a conexão à internet, mas se você mudar de mapa ou tentar pegar outra rota enquanto estiver offline ele não irá funcionar.
Nosso veredicto
O Nokia N8 é um telefone inconsistente. Ele tem alguns recursos impressionantes, como a câmera e o suporte a vídeo em alta definição, mas o software é frustrante demais. Fico imaginando que tipo de “superphone” o N8 seria se utilizasse um sistema operacional diferente. O Symbian precisa de uma reforma geral na aparência, recursos e desempenho, e pequenos ajustes aqui e ali não são suficientes. Estou interessada em ver para onde a plataforma Meego, desenvolvida pela Nokia em parceria com a Intel, irá nos levar, mas teremos que esperar um pouco (até meados de 2011, segundo a Intel) até que os primeiros aparelhos cheguem ao mercado.
[Fonte: PC World]

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